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Nada melhor que um universo onde a mercadoria é o foco central de tudo, a exemplo do entreposto de Contagem da CeasaMinas como contexto para uma intervenção artística em homenagem ao Dia da Consciência Negra, lembrado neste dia 20/11. A fim de não deixar o dia de hoje cair no esquecimento, a artista Priscila Rezende simulou a comercialização de uma mulher negra, despertando a atenção de carregadores, produtores, comerciantes e demais pessoas.
A ação faz parte do Festival Nenhum dos Mundos de Performance Urbana. O Festival é organizado por Lígia Moraes (artista visual e pesquisadora em Artes), inserido na Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Contagem. E consiste em uma mostra de vários artistas que lidam com a mistura de várias linguagens como teatro, poesia, dança, música, artes visuais.
Na CeasaMinas, a dinâmica consistiu na representação de uma mulher branca que traz consigo, amarrada, uma outra mulher negra tratada como uma mercadoria. Durante a caminhada no mercado, a "escravizante" colava preços diversos no corpo da artista negra que representava a "escravizada".
O público presenciou a ação com reações diversas. Enquanto uns encaravam aquilo com indignação, outros tentavam medir até que ponto aquilo era real. Alguns dos observadores, do sexo masculino, admiravam a mulher. Enquanto outras relacionavam ao Dia da Consciência Negra.
Segundo a artista Priscila Rezende, o objetivo era impactar. Trazer à tona a reflexão que, mesmo hoje, em pleno século XXI, há o paradoxo de se encontrar mulheres negras carregando, consigo, a imagem de que elas só servem para trabalhos serviçais ou de cunho sexual. Eles quiseram transmitir a seguinte idéia: Por que, "vender" a idéia de que a mulher negra, a pessoa negra é inferior e precisa estar sempre à margem da sociedade?
O grupo idealizador da intervenção se mostrou satisfeito com a provocação que conseguiu criar nos expectadores. Segundo um dos organizadores da ação, Marcelo Costa Baiotto, o objetivo era mesmo o de gerar uma provocação no público, para que as pessoas repensassem seu comportamento e preconceitos.
Mais informações: Departamento de Comunicação CeasaMinas (31) 3399-2011/2035 Notícia de 20/11/2014.
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